Incentivo fiscal e impacto social: a estratégia dupla das empresas
Postada em : 13/11/2025
A responsabilidade social corporativa no Brasil ganhou uma ferramenta poderosa e legalmente amparada: os incentivos fiscais. Longe de ser um mero custo, o investimento em projetos sociais, culturais, esportivos ou de saúde tornou-se uma estratégia inteligente para empresas que buscam, simultaneamente, reduzir sua carga tributária e fortalecer sua imagem junto à sociedade.
O mecanismo central dessa prática, conhecida como elisão fiscal legítima, permite que as empresas direcionem uma parcela do imposto que seria pago ao governo para financiar iniciativas aprovadas em diversas áreas.
Trata-se de uma gestão estratégica do dinheiro, que sai do caixa da empresa, mas é canalizado para um fim social que ela própria escolhe.
Principais leis de incentivo
No nível federal, as principais leis que permitem essa destinação de recursos para empresas tributadas pelo Lucro Real são:
Lei Rouanet (Cultura): Permite a dedução de até 4% do Imposto de Renda (IRPJ) devido para o patrocínio ou doação a projetos culturais aprovados.
Lei de Incentivo ao Esporte: Oferece a possibilidade de deduzir até 2% do IRPJ para apoiar projetos esportivos ou paradesportivos.
Fundos de Direitos: As empresas podem destinar até 1% do IRPJ para o Fundo da Criança e do Adolescente (FIA) e mais 1% para o Fundo Nacional do Idoso (FNI), em esferas municipais, estaduais ou federal.
Em muitos casos, ao combinar os limites de destinação dessas leis, a empresa pode chegar a redirecionar até 9% de seu Imposto de Renda para causas sociais, fortalecendo sua agenda ESG (Ambiental, Social e Governança).
Benefícios que vão além do fiscal
Embora a redução tributária seja um motor importante, os benefícios para as corporações que adotam essa prática são multifacetados:
Fortalecimento da Marca: A associação a causas nobres gera publicidade positiva e melhora a percepção pública. Consumidores e talentos buscam cada vez mais empresas com um propósito social claro.
Engajamento de Colaboradores: A participação em projetos sociais, muitas vezes por meio de voluntariado corporativo, aumenta a satisfação e o engajamento do público interno.
Impacto Genuíno: O recurso é aplicado em projetos com impacto real e mensurável, diferente do pagamento de impostos que se diluem no orçamento público.
Para aproveitar esses benefícios, as empresas devem, no entanto, estar atentas. É importante que a doação ou patrocínio seja feito a projetos previamente aprovados pelos órgãos competentes, garantindo a transparência e a correta prestação de contas para evitar riscos fiscais.
Contar com a assessoria de profissionais de contabilidade e direito tributário é fundamental para garantir o cumprimento de todas as exigências legais.
Assim, o investimento social incentivado transforma uma obrigação tributária em uma oportunidade de construir um futuro melhor e, ao mesmo tempo, otimizar a gestão financeira empresarial.
Conclusão
É fundamental que os projetos sociais superem a barreira do puro altruísmo. Com planejamento estratégico, essas iniciativas se convertem em motores de mudança social e, simultaneamente, em mecanismos legais e eficazes de otimização fiscal.
Sua empresa já considera o impacto social como um caminho da sua estratégia tributária? É o momento ideal para reavaliar e integrar essa abordagem.
Fonte: Jornal Contábil